"Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim."





Caio Fernando Abreu






segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O fato é que, para você, eu estou morta e enterrada há 22 anos. Matou-me naquela noite em que partiu, e no dia seguinte já era para você como se eu estivesse enterrada há mil anos. Ao longo desses anos, reconstruiu completamente sua vida como se eu nunca tivesse existido. E pra piorar represento um defunto sem a menor importância em sua vida, pois nem ao menos lhe ocorre momentos de recordações ou lembrança de pôr flores no túmulo. Tudo isso mesmo eu sendo um pedaço seu, e é por isso e por tudo o que passei por sua causa que você é tão tão desprezível e enojante.
O meu ódio não pode ser medido, eu jamais conseguirei trancrevê-lo ao papel pois, sua intensidade é inenarrável. E não pensem que estou exagerando. Costumo ser assim, extrema. Mais ódio ainda tenho por perceber que apesar de nunca ter existido pra você, mesmo assim a sua marca está em mim, imensas cicatrizes que jamais poderão ser reparadas, como um grande vaso quebrado que por mais que seja colado e remendado por diversas vezes jamais será o mesmo vaso novamente. Posso comparar também estas imensas cicatrizes como um grande ferimento à navalha em meu interior, que estão sempre lá à espreita, para sangrar novamente.
E esse ódio, esse ódio me alimenta e me impulsiona. Ouso dizer até mesmo que ódio me puxa pra realidade deste show de horrores. De alguma forma misteriosa me puxa pra superfície. A minha superfície talvez. Não sei.

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