"Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim."





Caio Fernando Abreu






quarta-feira, 24 de novembro de 2010

"Oh, que esta carne tão, tão maculada, derretesse,

Explodisse e se evaporasse em neblina! [...]

Como são enfadonhas, azedas ou rançosas

Todas as práticas do mundo!

Ó tédio, ó nojo! Isto é um jardim abandonado,

Cheio de ervas daninhas,

Invadido só pelo veneno e o espinho -

Um quintal de aberrações da natureza [...] E eu, eu sou uma delas!

Mas estoura, meu coração! Devo conter minha língua!"
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¨¨And it's hard to hold a candle
In the cold november rain¨¨NOVEMBER RAIN-GUNS

terça-feira, 16 de novembro de 2010

As aranhas entrelaçam-se na minha alma a cada não vontade de querer, de tentar, de falar...a cada não vontade, quem diria, até mesmo de escrever. Na verdade vontade nenhuma, de nada.
Mas pelo menos daqui posso expusá-las a mais de um mês entrelaçando-se, criando ninhos e ninhadas, se criando, recriando e procriando nesse imenso silêncio e escuridão que constituem um vazio de sei lá o que, um vazio que optei por deixá-lo assim, vazio constante e pleno. Já da minha mente e da minha alma, não consigo ou na verdade não as quero expulsar. Talvez até goste delas, considere-as minhas únicas e eternas companhias. No começo achava as aranhas feias, horrendas. Mas agora, até as nomeio. As levo para todo lugar, para meus sonhos, pesadelos. Para meu travesseiro, para meus mais asquerosos e repugnantes desejos. Já existem as mais venenosas, as menos venenosas e as que já não surtem nenhum efeito.
E tudo o que eu queria era que todas, todas essas aranhas já não surtissem nenhum efeito com suas picadas.

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Costumo usar a desculpa de que me decepciono com as pessoas, mas a verdade é que mesmo que eu não me decepcione encontro sempre uma forma de fazer com que meu cérebro dececione-se por si mesmo..Esfaqueio e destruo cada não vínculo- possível vínculo...suicido-os antes mesmo de existirem. É uma compulsão, praticamente isso. Compulsão de quebrar e destruir tudo o que existiria se eu não as tivesse destruído e tudo isso é o que sou hoje ou talvez o que sempre fui ou talvez o que quis ser, ou o que nunca quis ser em meus piores pesadelos.
E a regra infinitamente insaciável é:" Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir. "(Caio F. Abreu)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"Parece Incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total."


Esse sentimento que queima dentro de mim, impossível extirpar-lo. Na verdade acredito que já faz parte de mim, faz parte de toda a infinita miscelânia de sentimentos e fatos arquivados no meu sistema de defesa emocional. Pra ser bem sincera, nem sei mais em que acredito. Não consigo entender o fato de por exemplo, pessoas que perdem seus pais de forma brutal e sofrem por ter perdido um pai que realmente era um pai, e fazia jus a essa missão. SIM! porque dizer que é pai e dizer da boca pra fora que EU TE AMO SE CUIDA qualquer um diz. Principalmente quando não se conhece o próprio filho, não sabe nada sobre ele, não conhece seus gostos e desejos ou sequer nunca esteve presente pra enxugar uma lágrima sequer, pra ajudá-lo ou apenas abraçá-lo ou ainda simplesmente pra lhe pagar uma lata de leite na sua infância ou ir a festinha de dia dos pais. Realmente, é fácil falar. E enquanto pessoas perdem pais que representavam um herói e um exemplo em sua vida, outros ficam a pensar o porque de ao invés de terem recebido um PAI receberam um PAILHAÇO.